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SIDNEIA SIMÕES
( Brasil – MINAS GERAIS )
Natural de Serro, Minas Gerais, passou a infância em Alvorada de Minas e Senhora do Porto, residente em Belo Horizonte e há mais de 40 anos é jornalista, atriz e escritora.
Cursou Comunicação Social/Jornalismo na PUC Minas. É pós-graduada em Comunicação e Gestão Empresarial e em Língua Portuguesa. Tem formação em Teatro pelo Centro de Formação Artística (Cefar) da Fundação Clóvis Salgado.
Lançou Desarmadilha em 2019, seu cartão-postal poético.
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Sidneia Simões é uma das vozes poéticas potentes que despontaram nos últimos anos em Minas Gerais. Estreou em 2019 com o livro Desarmadilha, coletânea de poemas simples, objetivos e intensos, marcados por uma sensibilidade sóbria que nos remete a Henriqueta Lisboa. Além de se dedicar há muito ao ofício do verso, Simões é atriz, jornalista e empreendedora cultural responsável, no momento, pelo espaço Casa da Floresta em BH, dedicado a exposições artísticas e processos de formação. As imagens são pinturas da também mineira Marina Nazareth, uma das maiores artistas em atividade no país, nascida em 1939, dona de uma obra que, intensificando aquisições do Impressionismo e de tendências do início do século XX, como o Fauvismo, destaca-se como uma das poucas referências ainda da arte de pintar no espaço contemporâneo (http://marinanazareth.com.br/pinturas/).
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NÓS DA POESIA. – volume 8 – Brenda Marques Pena, org. São Paulo, SP: All Print Editora, 2022. 119 p. ISBN 978-65-5822-152-4 Ex. bibl. Antonio Miranda
Sua sanidade
(uma linha reta
um acento agudo
um ditongo aberto
um pinho no i
um preto no branco
uma letra de forma
um m antes de p e b
um dedo apontado
uma mira com ira
um exatamente
um tenho certeza
um sem mais nem por quê
um não se fala mais nisso
um eu já sabia
um eu bem que avisei
um ponto final)
beira a insanidade
(exclamação
interrogação
travessão)
Nós, reticentes...
Escreve!
Escreve que o nó desfaz:
o cutilo no peito
o novelo no estômago
o esturrico na garganta
o espinho nos dedos
Escreve que o pó refaz:
um desejo
um sonho
uma vontade
tua alma, tua calma
Tudo é breve, escreve!
Vivida
Ensaio uma oração sem palavras
em sons de tudo que há:
em roncos de carro
em vozes indistintas
em porta que bate
em janela que abre
em pios de passarinhos
em estalos de madeira
em sons de elevador
em ritmos corpóreos
em ruídos, em zumbidos.
Nem é prece ou petição:
sem frases decoradas
nem mesmo espontâneas.
São poemas em tudo que é.
E é Deus e me basta.
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Página publicada em junho de 2023
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